É das perguntas mais intrigantes do nosso futebol: o que leva um Team a transformar-se tanto de um jogo para o outro quando joga com o guardião Puma? A inquietação aplica-se para o bem ou para o mal. Os 3 jogos dos Pretos tinham deixado um resultado muito positivo. A resposta estará em perceber que as realidades, de um jogo e outro, foram muito diferentes. O adversário, claro, mas sobretudo o processo de crescimento dos Pretos que após perceber a alta sensibilidade do Team Branco conseguiam pegar com outra intensidade e sentido do risco ofensivo - calculado -.
O jogo com o guardião Zé Grande libertou também a equipa de uma terrível preocupação existencial: o que fazer se ele faltar?
Pois bem, Puma jogou (por lesão de Quim) e em vez dele, no seu espaço, surgiram… apenas três golos. Vendo-o nesse jogo, parecia quase imbatível no Team Branco. Por outro lado, a combinação/articulação da equipa foi outra. Combinaram na quase perfeição as subidas, alternadas, e, depois, na frente, o timing certo de passe e desmarcação (e até remate). Manteve-se sempre um pivot+auxilio defensivo e libertou-se o meio-campo das amarras dos jogos anteriores.
Para além disso, chegou os 2 golos dos Pretos muito cedo após boa dominância Branca. Da forma mais incrível os Pretos chegavam rapidamente a area de Puma enquanto Brancos tentavam elaborar jogo construtivo mas sem perigo iminente.
Porém, depois de tanto tentarem, e remates fulminantes mas sempre fora do alcance da baliza de Zé Grande, surgiu num ápice, o golo após remate do pé direito de J.Guilherme. Quando a bola quase parecendo ter vida própria resolveu ir falar pessoalmente com Zé Grande ao ouvido, trepou-lhe pelos braços e caiu na baliza. E outro golo apareceu. Quando a bola quis! Como é justo acontecer no futebol. A bola chutada novamente com pé direito de J.Guilherme encontrou pé de Luis, que com um toque magico, deu ainda um efeito diabólico, enganando a psicomotricidade de Zé Grande deixando fugir a bola entre as pernas.
Antes do jogo com os Pretos, a preocupação principal só podia ser uma: evitar que algo aconteça capaz de impedir a equipa de surgir na máxima força nesta jornada. Nessa perspectiva três factores: a questão motivacional (só uma derrota clara dos Pretos poderia delapidar o capital de confiança conquistado ultimamente); a questão física (proteger do desgaste alguns jogadores fundamentais mais sensíveis, como Bruno que esteve em contenção e bem ); e a questão disciplinar (o risco de, não fechar espaços e por isso mesmo perder a recuperação). Ou seja, damage control (controle de danos) por antecipação.
Os Brancos apenas ignoraram a última. Correu bem. No resto, mudaram um lugar preenchido a 100% por Bruno menos bem fisicamente mas cumpriu objetivos. João a defesa-central ou a medio-ala revelara que são apostas curtas quando o físico não esta e não esteve presente (gripado!). Tó Zé regressou, da boa forma, beneficiou da baixa intensidade do jogo Preto e não parou. Durou 60 minutos. Na frente, jogar sem ponta-de-lança (J.Guilherme ...) é quase como pensar em jogar num campo sem balizas. Por isso J.Guilherme decidido, apareceu muita vezes em auxilio ao Pivot defensivo. Limitados a começar no centro e dar profundidade ao jogo, os golos foram escassos, e o 3º golo foi marcado do meio campo Branco, com chapéu majestoso de João. Sem Gabi (sem aviso) e PUma (por opção), os Brancos entraram mais calculosos e mais criativos nos encruzamentos. E o seu jogo sentiu isso dando protagonismo a um jogo mais proximo um dos outros, com bola sempre a girar. Nessas bases, o jogo tinha tudo para ter um bom final. E não teve. 3-3. No fundo, este jogo não foi “contaminado” pelos anteriores que revela melhoria na comunicação e cumplicidade entre jogadores, mais próximos e exigentes em termos psicológicos. Brancos em "contaminação" dos estilos -
O jogo contaminante do Pretos aborda um estilo próprio. O Team Preto faz com que cada jogada pode ser decisiva. O primeiro desafio é impedir que a pressão sufoque a sua criatividade. Depois do receio, da coragem e do calculismo, é manter a identidade e aumentar a imaginação. A origem de tudo é uma ideologia de jogo definida e construída desde as bases, que molda um estilo. Não esta Ismaiel, mas está a mesma cultura de jogo e, nessa linha de evolução entre as diversas linhas, vão surgindo jogadores capazes de a interpretar como também o faz Luis e, Miguel que tem evoluído muito com os seus passes longos. Penso nisto vendo, nos últimos jogos, a classe dos médios de toque, segura e passa (posse paciente buscando espaço de penetração) como Miguel e Luis, enquanto na frente se assiste à mutação posicional (conceito superior às simples trocas posicionais) do avançado André. Nesta vertente, os Pretos conseguem recuperar do 2X3 para o 3X3 com golo de Luis a bater Puma que não conseguiu alargar pernas.
Mas ainda o elemento chave de prova da importância da ideia é….Lotto. Pivot-auxilio único com o perfil de trinco à moda antiga, filtra essa natureza à medida que se aproxima das jogadas e transforma-se numa espécie de piranha elegante que devora adversários. No passado, era mais um médio para arrancar tufos de relva mas que mais arrancava do seu lugar, sufocado. Hoje, existe posicionamento táctico (em antecipação) de recuperador, e incorpora também a qualidade de jogo em posse, passando a pensar como os demais (toque e passe). Olhando o futuro do team Preto - principal -, estará nele o upgrade físico que, não é natural em fim de época. Mas mantendo a cultura de posse-passe, pode tornar o quinteto Preto imbatível no mês de Julho.