O que é mais difícil? Mexer na equipa para esta, apesar de em vantagem no marcador, recuperar o controlo de jogo que estava a fugir, ou fazer essas alterações quando se está desvantagem para virar o resultado? Dirão que ambas têm a sua dificuldade e depende de muitas circunstâncias, mas a verdade é que as duas exigem sensibilidades tácticas muito diferentes. Ambas, em semanas diferentes, passaram pelo último Pretos-Brancos a meio da segunda parte. Brancos no primeiro dilema, Pretos no segundo.
Confesso que imagino a primeiro caso como um maior desafio para a equipa. Procurar o golo tem um raciocínio mais lógico em termos de necessidade ofensiva. Ver a equipa a perder o controlo do jogo e ter de lhe mexer para o resgatar, quase procurando impor um jogo «sem balizas», exige meter o bisturi táctico com maior precisão. Existem casos em que tudo se resume a fechar a porta, reforçar coberturas defensivas, mas, em geral, no chamado futebol de top, o segredo está quase sempre no meio-campo. É o sector que melhor pode esconder a bola e decifrar os segredos tácticos da posse pela mera posse. É a arte de meter o jogo no congelador.
Por isso, quando este dilema invadiu a cabeça dos Pretos, a sua primeira reacção foi, claro, olhar para o meio-campo, deixando André na frente, Loto atrás, Luis no meio e Alexandre a cobrir os sectores. O desafio: mexer para lhe devolver intensidade e capacidade de posse, isto quando Alex joga e Ismaiel ausente. Uma cirurgia táctica que se traduziu em trocar um dos elementos desse duo (Ismaiel), o mais pressionante, por um outro (Ruizinho), mais "artístico" sem ritmo. O jogo necessitava, porém, de uma equação táctico-matemática mais complexa. A perda de intensidade do sector não nascia dentro dele mas sim de...outro sector: os alas do ataque tinham deixado de recuar. Uma descompensação de transição defensiva e ocupação do sector intermédio que, para resgatar o seu controlo, necessitava realmente de um novo médio mas sem perder o duo/trio de origem. É o «segredo do 2º médio» como arma de por gelo num jogo. Quando, do outro lado - Branco- , entrou em campo o «médio-avançado natural» (Tó Zé), metido pelo jogo que precisava virar o resultado, ele descobriu mais espaços do que em condições normais existiriam num jogo que estivesse congelado. O trio Branco atípico constituído por João no lugar de Gabi funcionou por impulsos temporais e resultou bem que mal num team condicionado. O pior que pode acontecer é esperar que um jogador se questione de quando é que estará em forma física?? Uma visão geral que a equipa tenta dar o "colo" a quem não aguenta mais. Pois, o jogador mais debilitado é aquele que agarra a bola num dos seus momentos (defensivos e ofensivos) e não funciona. Ações debilitadas em fases por vezes mais delicadas para a equipa... e que pode ser irreversível no resultado. Raramente, Gabi nasce por si só no campo porque necessita da sua equipa para se reencontrar com ele próprio!!
Miguel em "Branco" jogou e fez jogar em passes curtos e surpreendendo até seus colegas com passes longos. O seu "L" mais fraco reside no sector defensivo mas a sua colocação em zona travou nitidamente o adversário.
O campeonato vai ter muitas outras páginas tácticas para serem escritas até ao final. Os guardiões fizeram excelentes exibições mas Quim esta no limite das suas condições físicas defendendo ao extremo e podendo dar o "berro" rapidamente.
A 3ª parte ganharam os que tiveram presentes nos anos da Raquel com excelentes cozinhados do "Loto" :) Parabéns Branca !!!... que demonstrou que quem é Branco.... ganha em todas as competições :)
NB: ainda não temos noticias de pavilhão !!! Pareceu-me que o pessoal não estava muito interessado no N10 (onde podíamos ter a 4ª as 21h00). Fica ao vosso critério.... e a semana já iniciou !!!!