Minuto 85. Penalti flagrante, com a bola a bater no braço de Gabi em plena área com uns Brancos a perderem 8X7. João desvaloriza a jogada e marca o canto e coloca todo o peso do jogo nas suas costas. A equipa Preta defendia-se, segurando a vantagem, mas eis que a bola salta para o seu meio-campo e um jogador surge isolado, com terreno livre para pontapear na baliza do Quim. Estava ali o empate épico... e uma espectacular subida no resultado...
Começando de inicio, eram alguns metros, pareciam quilómetros quando a equipa Branca demorou em posicionar-se começando o jogo com um elemento novo -Fabio-. O inicio do jogo tornou-se uma metralhadora a apontar para a baliza de Zé Grande. Imaginar as rajadas de golos sofridos tendo como principal artilheiro Gabi, a festa estava em pleno, quando alcançaram rapidamente os 5-0. Os Brancos com os olhos esbugalhados, a respiração suspensa, demoraram a perceber o que lhes aconteciam. Para Fabio em experiência num jogo sem substituições, foi tudo mau, na hora do passe, nas opções de fintas, no posicionamento em campo, tudo isto pareceu ficar em câmara lenta. Para quem não conhece o Fabio, este parece ser a caricatura de "Paulinho", o ciclista atípico com dificuldades na coordenação. Como naqueles filmes em que até o som fica distorcido, assim estavam os Brancos. Existiu também uma questão de cansaço, físico de J. Guilherme que já tinha anunciado o seu SOS e que muito mal iniciou a partida sem saber como, contribuindo para a chuva de golos sofridos. Mas algo mais para além do futebol puro, a raça Branca não desmoralizava tendo pela frente uma missão impossível.... marcar 5 golos ao Quim. Na hora do remate, ai estava, todo aquele peso levando-os a carburar, ups, já perderam tempo de remate, mas ainda deu, olhando o ângulo, o guarda-redes já parecia maior, e é…como todo o peso do mundo lhes caíssem em cima, os Brancos tropeçam desequilibram-se e os remates saiam a figura do guardião. E a bola, claro, mudava rapidamente de meio-campo para os Pretos, deixando aparecer todo o tipo de malabarismos/gri-gris/cuequinhas de Miguel, Flavio e Gabi, e excelente coordenação para ferir mais ainda seu adversário. Tudo aparecia no Team dos Pretos com excelentes movimentações e bom espírito de equipa. No incio, para ajudar, até Zé Grande deixou-se contagiar e sofrer golos imperdoáveis.
Tudo isto podia parecer demasiado romanceado, mesmo nas jogadas decisivas. E todos os jogadores Pretos revelaram o potencial táctico-técnico. E falhar golos... nem por isso porque foi do 100% sem razões para desculpas. Fabio tinha entrado logo no Team sem poder de adaptação para segurar uma equipa em desfalque. As primeiras jogadas colocou-o, subitamente, numa improvável fronteira do heroísmo. Terá sido o jogador errado na hora…certa. Imagine-se os truculentos Pretos, ratos do contra-ataque (Tó Zé, Ismaiel, Gabi...) naqueles lances. Também podia falhar, claro. Duvidou-se que falhasse tanto quando anunciou seu historial futebolístico. Os Brancos desapontados em silêncio, sabiam que o peso do mundo seria diferente nesta jornada para esquecer. Isto é, Fabio falhou muitos passes, isolou-se sem levantar a cabeça, rematou sem alvo na mira, mas o certo é que nunca desistiu e deu luta até ao fim. De forma mais humana, mudando a perspectiva Fabio foi capaz de compensar jogadas de perigo, incomodar nos pés do adversário e até ter tido oportunidade de criar diferença com sua excelente aceleração.... sem nunca ter tido receio de ir a guerra com quem quer que fosse.
Bem, foi um final surreal para um jogo disputado sempre nos limites da emoção. A armadilha em que os jogadores Pretos caíram é um clássico quando se alcança rapidamente uma vantagem substancial. Irreal foi mesmo espetar 8 golos ao guardião Quim que não quis deixar mal Zé Grande.
Os Brancos, com o coração táctico nas mãos, fizeram 8 golos em bolas em movimento sem os últimos artilheiros Loto e Luis em parte-time. Mas, depois, o jogo levou-nos para dimensões improváveis de calcular que não são claramente os nossos. Foi o caso de João que pacientemente soube mandar na defesa e organizar ao mesmo tempo os ataques e marcar 2 golos. Inicialmente isolado a frente perante a sua essência, André conseguiu com muito mérito preencher os espaços da linha dianteira mas também defensiva abrindo o marcador para 1X5 e espetar mais a frente mais 2. J. Guilherme num corpo-fantasma nunca desistiu alternando erros e golos (3), sempre apoiado pelos seus colegas de equipa. Zé Grande voltou a ser Grande e Fabio esgotado fisicamente respondeu sempre Presente.
A insustentável leveza humana perante a oportunidade de, num ápice, virar o jogo de pernas para o ar. Virou quase! E tudo voltou à terrível normalidade de um empate num jogo e numa classificação pontual, deixando portas abertas para um Dezembro cheio de Prendas.
Brancos: Zé Gde, João, André, J.Guilherme, Fabio
Pretos: Ismaiel (lesionado), Gabi, Flavio, Miguel, Tó Zé